O Ser humano passa por situações que o muda, por mais que achemos que somos os mesmos e somos iguais, não somos, noto muito depois que morreram os meus pais. Quando o meu pai morreu, espero que me faça entender, fiquei aliviada, não por ele morrer, mas porque ia primeiro que a minha mãe, pessoa que sofreu muito com ele a vida toda, incluindo nós filhos. E não senti o que estou a sentir pela morte da minha mãe, senti dor, claro, tive uns dias meio abananada, mas sentir a dor que estou a sentir ainda hoje, sendo que só passou um mês, a angústia de me lembrar que ela está dentro de um caixão sem vida, chega a sufocar-me de tanta dor...Não quero dizer que há dores comparáveis, mas há dores que nos transformam e mudam a nossa maneira de ser. Chego a pensar que já não gosto das mesmas coisas, que não quero as mesmas coisas que queria há uns meses atrás, faço-me entender? Sei que vou recuperar da dor, aliás começo a entendê-la como fazendo parte da vida, porém, a minha auto-estima está um cocô, não tenho vontade de nada, nem de fazer o que mais gosto, estarei a ficar preguiçosa? Protelo tudo e o mais que posso. Ontem consegui passar a ferro a roupa que lavei desde que a mãe morreu, portanto um mês, mais as roupas que na altura que a mãe adoeceu, 25 de Novembro, ainda tinha pendente, juro-vos. Estive toda a tarde a passar a ferro, passei tudinho, como a minha mãe me ensinou vale mais uma hora boa do que um dia dificil. Levantar-me da cama é extremamente dificil diariamente senão tiver nada marcado, obrigo-me a ir ao café só para sair de casa. Já não estou de baixa médica, estou de férias até ao fim do contrato. Até dia 9/5 depois irei para o Fundo de desemprego e embora ás vezes diga que não quero ir trabalhar a correr, acho que vou procurar trabalho desenfreadamente porque me fará certamente bem.
Mas estou uma pessoa diferente, isso estou...
Eu sou a favor da cremação,precisamente por isso. Imaginar a pessoa ali dentro... Tive uma experiência pessoal no principio deste ano,ao levantar os restos mortais do meu filho,decedi cremar. Na altura nem eu nem o meu marido tínhamos cabeça e não era muito frequente.
ResponderEliminar(con),era um sofrimento imaginar o m.filho ali,ia muitas vezes lá, depois fui menos,fazia-me mal. Agora,depois da cremação e como as cinzas foram espalhadas perto de casa da irmã, num sitio lindíssimo e discreto,a lembrança é sempre que ele está algures na natureza e a dor tem aliviado. Mas claro,cada pessoa toma a decisão que entende.
ResponderEliminarSenti e ainda me sinto por vezes assim. Muita força e um beijinho
ResponderEliminarAinda que nem sempre comente, estou por aqui. AQUI para ti. Cláudia
ResponderEliminarEntendo-te, tão, mas tão bem Marina. Não comparo dores (e elas não são comparáveis porque cada um sente as suas), mas o sofrimento muda-nos para sempre. A mim tem-me feito deixar de ter tantas opiniões, para passar a ter mais empatia. A vida é assim. Tem muita força!!!
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