Há coisas que sabemos mas, quando temos a certeza, custam muito, embora tivéssemos pensado que estávamos preparados. Não sei se me fiz entender, mas já sabia que o pai teria algo grave, mas ontem tivemos a noticia certa daquilo que o pai tem, além de tudo o que já tinha...
E ontem à hora marcada, fui falar com a médica do pai, mas enquanto se espera pela médica, estamos no quarto com ele. E apesar de muitos coisas daquilo que diz, algumas batem certo outras nem tanto. Mal chego dou-lhe um beijinho e ele diz-me olha esteve aqui a médica e disse-me que eu tenho um problema no pâncreas mas que vou ser operado...Chega a médica, e diz-me efectivamente e como estávamos à espera o seu pai tem um tumor na cabeça do pâncreas, na parte que o liga ao intestino delgado...o meu chão fugiu, eu já sabia, mas ter a certeza. Sei que a morte é inevitável, e aos oitenta anos, já nem é para todos, mas assusta-me muito o sofrimento, depois de tudo o que o pai tem passado, o que ainda virá...
Mas como tenho que ter força, passei imediatamente ao passo seguinte e agora? Diz a médica, eu agora não posso fazer mais nada (como se ela tivesse feito algo) ele vai para o piso 5 para a cirurgia, para a equipe da Drª xx, mas Drª eu não sei se vamos optar pela cirurgia, pergunto eu, não haveria possibilidade de os médicos virem a este piso, explicarem-nos o que há a fazer, e aí decidirmos todos se devemos ou não avançar uma vez que o pai tem 80 anos e a Srª acabou de me dizer que não há cura possível, vamos sujeitar o pai a mais sofrimento?? Ah, não, ele é que tem que esperar vaga no piso, que poderá ser hoje ou amanhã, e depois lá é que falará com a equipe. Entretanto ela pede-me desculpa porque afinal a culpa do pai não ter feito o exame no dia marcado foi dela...como? disseram-me que foi uma enfermeira, pois a enfermeira retirou do computador a dieta, o campo do mapa de refeições ficou em branco, e eu pensei que fosse engano e escrevi dieta...sem comentários...
À tarde a falar com um enfermeiro, pessoa maravilhosa que tem acompanhado o meu pai, que me disse que eu estava cheia de razão, aconselhou-me a ir ao piso 5, como quem não quer a coisa e tentar falar com a médica. Agradeci o conselho, porque às vezes encontramo-nos numa encruzilhada e demoramos a tomar decisões.
Mas hoje, cheia de coragem, mas a tremer o queixo, lá fui...Falei com a secretária do piso, que depois de me ter ouvido com toda a atenção, se foi informar e a médica a quem o meu pai foi atribuído, estava em bloco operatório todo o dia, e só em situações especificas viria ao piso, teria de ficar para amanhã. compreendi a chorar, não aguentava mais... Mas no balcão de enfermagem há um médico que houve toda a minha conversa e me chama, pede-me para repetir . Acabámos a conversa com um aperto de mão, e ele a garantir-me que a situação se vai resolver entre hoje e amanhã.
A tal cirurgia nem é feita neste hospital, o meu pai irá para este piso para ir a uma consulta ao Curry Cabral, que até pode estar em casa e depois irmos com ele à consulta, apenas para ouvirmos a opinião de outros médicos e se vale ou não a pena de fazer alguma operação. A médica do piso 4, onde ainda está o pai nada disto me disse, só se quis ver livre do doente, para outros tomarem decisões e prolongar a estadia do pai...não a culpo, culpo o sistema, este hospital não é público, é uma parceria publico-privada...isto diz tudo.
Obrigada por lerem os meus desabafos, a mim ajudam-me a coordenar ideias...e pode ser que ajudem alguém
Vou voltar ainda hoje !!!
Daqui um xi-coração apertado e votos de que consigas enfrentar mais esta etapa com coragem junto dos que te são queridos.
ResponderEliminarNem sei que te dizer.
ResponderEliminarTem fé e força.
Entendo-te!
Deixo-te aqui um beijinho e um xi apertadinho.
Oh Marina, muita força para os tempos que se avizinham! Beijinhos
ResponderEliminarOlá Marina, tenho andado um bocadinho longe e por isso ainda não me tinha apercebido que o estado do teu pai tinha tido "avanços". eu desejo tudo de bom e desejo-vos a vós família que tenham força para que juntos consigam que os últimos tempos de vida do teu pai sejam passados o melhor possível. Acredito que vão ser. Desejo o mesmo para mim, tenho medo de perder o meu pai mas sei que com 76 anos não andará por cá também muito mais tempo. Custa, mas a mim custa-me mais o sofrimento. Dos doentes e da família. Espero que o teu pai venha com uma medicação boa que o faça aproveitar o melhor possível o fim da vida, em família e feliz.
ResponderEliminarBeijinho grande, vou passando
Maggie