terça-feira, 21 de novembro de 2017

"Saudades de um Natal que já lá vai"

É muito raro fazer comentários no blog "A pipoca mais doce" mas ontem passei por lá e li alguns posts sobre um convite/parceria que ela teve com o Lidl para falar de um Natal que tenha deixado saudades, não sei porquê, mas lembrei-me dos meus Natais, em especial deste...
Tem mais de 40 anos , não tenho fotos que o comprovem, assim como não tenho quase fotos da minha infância...
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Posso dizer que tenho 49 anos e que na minha infância o meu Natal era muito, muito pobre. Eu nasci numa aldeia a 35 km de Lisboa, mas há 40 anos a distância era significativa especialmente para quem não tinha carro. A loucura do Natal começava quando o meu tio que tinha uma mercearia e um café, e um mês antes do Natal enchia a loja com uma corda de ponta a ponta com as bonecas, carros etc, tudo dentro de sacos presos por molas, nessa manhã em que ele abria e todos nós corríamos par escolher o que pedir ao menino Jesus, no meu tempo não havia pai natal. Riamos, brincávamos entre nos com a hipótese de recebermos isto e aquilo, uma queria a maquina de lavar louça, outra a de lavar roupa, outra o frigorífico (ainda tenho os meus) e formávamos todas juntas uma cozinha, era a loucura. Nós transmitíamos aos pais que certamente mandavam guardar na mercearia. Na noite de Natal, havia árvore de Natal, verdadeira, alguém apanhava um pinheiro na mata próxima (que hoje já não existe)comíamos bacalhau cozido, a minha mãe fazia sonhos de abóbora e coscurões e era só. Deixávamos o sapatinho na chaminé e só pela manhã do dia de Natal, bem cedo corríamos a ver o que ele,o menino jesus nos deixava. Um presente a cada um. O meu melhor ano, foi no ano em que deu na tv pela primeira vez a Heidi e o Pedro e recebi os mesmos que se davam à corda e eles rodavam e andavam pela casa, foi uma manhã de loucura, nesse mesmo ano o meu irmão recebeu um comboio a pilhas que parece que ainda ouço o barulho dele a andar por baixo das camas com as luzes a acender. Essa era a nossa loucura e a seguir ao almoço, com as nossas melhores vestes vínhamos para a rua mostrar uns aos outros o que nos tinha trazido o menino jesus. Era tudo muito simples, mas muito diferente dos dias de hoje. Hoje tudo o que quero do Natal é saúde para todos os meus, claro, em primeiro lugar e um livro ou dois debaixo da árvore, comprados pelo marido ou pelo filho.
Mas devo reconhecer que estes meus Natais não eram mais infelizes que os de hoje, eram sim felicidades diferentes. Soube bem falar do meu Natal com mais de 40 anos. Obrigada!
Entretanto aqui há dias uma amiga daquelas que juntávamos as nossas prendas e montávamos cozinhas completas, os chás com as bonecas...mandou-me estas fotos que eu amei!




Este era o nosso grupinho de brincadeiras, ainda hoje nos damos todas muito bem!
Conseguem identificar-me?


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