sábado, 23 de julho de 2016

Da vida...

E acabou o sofrimento do pai, o nosso, a vida do pai...
Como já o aqui tenho dito, não foi fácil a vida com o pai, o pai sempre foi um homem duro, pouco dado a mimos. Certamente pela vida que ele próprio teve, como aprendeu a vida, fez o que sabia, ou o que aprendeu a fazer. Eu perdoei-lhe tudo já há algum tempo, quis que os seus últimos tempos fossem o melhor possível, dei-lhe todo o carinho possível, tratei-o o melhor que consegui, estou em Paz espero que ele também esteja. jamais o esquecerei, mas não vou passar os dias a chorar a sua partida, sei que a vida é assim, aceito-o bem. Foi difícil? Foi, muito difícil, os últimos três dias foram dos meus piores dias de sempre, mas hoje é um novo dia.
A mãe sofreu muito, mas está bem, sei que apesar de tudo para ela não vai ser fácil, mas ela é a mulher mais corajosa que eu conheço, e vai dar a volta à situação, claro que com a nossa ajuda, o nosso carinho e a nossa presença. Amo-a muito.
A Deus tenho de agradecer uma vontade, um desejo que tinha e que ele me concretizou, agora espero poder cumprir o que prometi, fazer dos últimos anos da mãe, os melhores de sempre.
Por aqui e pelo facebook agradeço o carinho de todos os que comigo estiveram, nem que fosse em pensamento. 
Houve uma ou outra pessoa que me desiludiu um pouco, talvez porque esperasse mais dessas pessoas, mas elas sabem porque o fizeram, certamente tinham as suas razões.
Vou rápidamente contar-vos como tudo aconteceu, ajuda-me a exorcizar tudo o que aconteceu.


Na quarta feira estava a trabalhar e por volta da uma da tarde ligou-me a médica do hospital, a dizer que o pai estava só a pedir para ir para casa, mas havia um resultado de uma análise que só estaria pronta na quinta, mas como eu também pedi tanto para ele vir para casa, se eu me comprometesse a ir buscar o medicamento caso ela me telefonasse a dizer que o resultado foi positivo, coisa que ela achava não ia ser, ela dava já alta ao pai, até porque a doença dele evoluiu muito. Claro que respondi sim. e sai directamente do trabalho, fui buscar a mãe, cheguei lá estava ele a discutir com a enfermeira a querer saber quando ia para casa, eu entrei e disse-lhe agora, ele respondeu, estava a ver que não, eu não quero morrer aqui, quero ir para casa.
Trouxemos mais papéis, antibiótico e selos de morfina...que ele já estava a usar há dois dias.
Não quis vir de ambulância, mas sim comigo, não foi fácil trazê-lo, mas o que é que eu não conseguia naquele dia... 
Deixei-o em casa, depois de comer fruta, que era só o que lhe apetecia, ficou a dormitar, comprei a medicação, vim para casa. Por volta das oito horas a mãe telefona-me que o pai não estava bem e que tinha vomitado, estava lá a prima Lilia que a ajudou, como sempre incansável esta minha prima, mas que agora lhe ia fazer um chá e ele já estava calmo. Mas por volta das dez horas a mãe telefona novamente que o pai não parecia bem. Fui para lá com a intenção de passar a noite com eles.
Foi uma noite muito má, não dormimos, porque ele passou a noite a gemer, dizia que nada lhe doia, mas que não estava bem.
Na manhã de quinta feira, demos-lhe pequeno almoço, que ele comeu bem, medicação dei a minima possível, e resolvi ir ao hospital falar com a medica de oncologia, pedir ajuda sobre o que havia de fazer. Mal cheguei ao hospital, liga a mãe a chorar, que o pai estava a morrer...volto para trás, ligo às enfermeiras dos cuidados continuados a pedir ajuda, a mãe liga ao meu irmão que tinha chegado, chegamos todos ao mesmo tempo. O pai estava já de olhos abertos, sem responder, e com muitas dificuldades em respirar...a enfermeira diz que será melhor chamar o INEM, eu só repito que o pai queria morrer em casa, mas o meu irmão foi o primeiro a dizer que sim seria melhor chamar o INEM.
Veio o INEM, observa o pai e todos os níveis estão a fraquejar rápidamente, e que nesse momento já nem sabe onde está, temos de o levar para o hospital...não deixaram sequer ir ninguém na ambulância, fomos atrás, procurámos de imediato o médico que nos deixou vê-lo, claro já a oxigénio, menos aflito mas mal, o médico diz que ele está por horas, volto a reforçar o poder estar em casa, mas o médico volta a dizer que ele já nem sabia onde estava...viemos para casa. Duas horas depois telefonaram-me para ir ao hospital com urgência...sem maiores aflições, o pai deixou de respirar.
Dia 21 de Julho de 2016 à uma da tarde, o pai partiu...
Depois seguiram-se os trâmites normais que para mim, graças a Deus foram a primeira vez, e trouxemos o pai para a capela da terra. Três e meia da tarde o pai já estava connosco novamente...mas sem nos ver ou ouvir...
O funeral foi ontem, dia 22 de Julho ás três da tarde. Levou muita gente a acompanhar, muitos amigos dele, da mãe, nossos.





Estará sempre no nosso coração...


6 comentários:

  1. A vida encarrega-se de nós fazer seguir em frente. Custa agora claro que sim mas como dizes estava a sofrer e é a lei natural da vida. Vai custar mais nos dias de aniversário, de natal ...
    Vai viver sempre dentro de ti, vais lembrar todos os dias e recordar sempre.
    Beijinho Marina

    Maggie

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  2. Marina, estou sem palavras!
    (...)

    Recebe um abraço apertado com muito carinho... e talvez um dia to consiga dar pessoalmente!
    Muita força para todos vocês...

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  3. Um beijinho Marina. Está em Paz

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  4. Sinto muito Marina, a vida é assim... um dia vai chegar a nossa vez o importante é aceitarmos e perdoarmos as coisas menos boas. Dava tudo para rever o meu pai que partiu há 15 anos. Beijinhos

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  5. O teu pai Marina era parecido com o meu e entendo-te muito bem o que sofreste a luta que tiveste, comigo passou-se o mesmo, mas perdoei tudo claro mas ficará sempre nos nossos corações ao contrário de ti a minha mãe não aceita a morte dele não reage não quer aceitar temo sofrido muito com muitos anti-depressivos para ajudar a viver a vida um dia de cada vez.

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Obrigada pelo comentário😗